Para o desenvolvimento da diplomacia pública, nomeadamente nas áreas de notícias, cultura, arte e negócios, envolvendo os nossos expatriados, precisamos de analisar as motivações e prioridades, projetos e competências existentes. Mais à frente neste artigo encontra-se uma breve descrição de atividades da rede da diplomacia cultural nos últimos 3 anos.
Existe um grande número de iniciativas na área do cinema, pois o cinema é talvez a ferramenta mais importante na diplomacia cultural. Durante a exibição de filmes, os ativistas conseguem chamar a atenção para os problemas da Ucrânia, como, por exemplo, o problema dos ucranianos presos ilegalmente na Rússia, nomeadamente, a exibição do filme “Liberta Oleg Sientsov ” em Hong Kong, Berlim e Varsóvia (o festival «Cinema Italia Oggi 2016″) onde também foi levada a cabo uma recolha de assinaturas de apoio a Oleg de forma a demonstrar o descontentamento para com a sua prisão ilegal. São organizados os festivais de filmes ucranianos, tais como dias de cinema ucraniano (em Bruxelas, Londres, Budapeste, Berlim) e tour “Ver Ucrânia: Docudays UA viaja pelo mundo” (em França, Grécia, Alemanha, Itália, Espanha).
A ativista da diáspora ucraniana na Alemanha, a Oleksandra Binert, membro da Global Ukrainians, criou em 2009 em Berlim o Clube de Cinema Ucraniano, um projecto sem fins lucrativos. O Clube é financiado através de doações e contribuições voluntárias. Desde 2009, os ativistas já exibiram cerca de 100 filmes, organizando cerca de 1-2 sessões por semana. Através dos filmes sobre Maydan e a Primavera Árabe, eles demonstram como os acontecimentos revolucionarios ucranianos estão a integrar-se nos processos globais.
É relevante relembrar os projetos exclusivos como a estação de rádio ucraniana em Brisbane (Ukrainian Radio Brisbane), que existe há mais de trinta anos. A comunidade ucraniana na Austrália também organiza a feira de rádio em dezembro nos últimos dois anos consecutivos, que é visitada por mais de 200 pessoas.
Os estrangeiros também ficam curiosos com os eventos teatrais e literários organizados pelos ucranianos que vivem fora dos seus países. Esses eventos mostram a Ucrânia moderna, com a sua arte original e colorida. Um dos melhores exemplos no âmbito literário é o tour do festival da literatura «Meridian Chernowitz» pelos países europeus da língua francesa, que foi criado com iniciativa dos participantes da Global Ukrainians e teve uma adesão gigantesca dos visitantes. Os melhores escritores e poetas da Ucrânia moderna participaram no festival, entre eles Yuriy Andrukhovich, Igor Pomerantsev, Serhiy Zhadan, Irena Karpa e Katerina Babkina. Este festival é uma demonstração da Ucrânia não apenas em termos de geografia, folclore ou cozinha, mas também como país moderno, elegante e as vezes até avant-garde.
Celebração do Dia da Independência na Malásia
Ao falar sobre a promoção da Ucrânia no exterior e a diplomacia cultural é impossível não referir o Vlad Troitskiy e o seu grupo de teatro Dakh. Actualmente, eles são os principais “embaixadores” da cultura ucraniana no mundo. Esta equipa conseguiu organizar as suas atividades de uma maneira muito competente. Para fazer uma peça de teatro, os diretores estrangeiros vão à Ucrânia para preparação do projecto que é posteriormente exibido em cidades estrangeiras, com envolvimento dos meios de comunicação locais. Isto é uma maneira direta para promover e integrar globalmente a cultura ucraniana e transmitir através de arte as mensagens-chave da Ucrânia moderna. Estes projectos integrados conseguem com maior facilidade o apoio financeiro de parceiros internacionais.
Natalia Kochubey, consultora da Embaixada da Ucrânia em França, e diretora do centro cultural, comenta a atividade do Vlad Troitskiy de seguinte maneira: “Este é um exemplo bem sucedido de promoção de produto ucraniano para o mercado cultural francês. No âmbito do festival “Ucrânia é um palco livre “, em abril de 2015, foi exibida a peça de Vlad Troitskiy e do seu grupo de teatro “A casa do cão”. Eu estava lá, a sala estava esgotada e eles eram os favoritos do público. A banda “Dakh Doterz”, que participou na peça “Antigona” do diretor francês Lucy Berelovych, já estabeleceu uma cooperação com parceiros franceses e é frequentemente convidada para atuação”.
É frequente convidarem artistas ucranianos para exibirem as suas obras de arte em galerias no estrangeiro, nomeadamente aquelas que mostram a gravidade e verdade da realidade ucraniana, aquelas que falam por si próprias. Uma dessas exposições é “Evidências verdadeiras: da Revolução da Dignidade até ao presente”. É uma exposição viajante de artistas ucranianos que familiarizam as pessoas com a Ucrânia actual. A curadora é Natalia Musienko, autora de “Arte de Maydan”.
Outro exemplo é a exposição fotográfica de Taras Polatayko que é o resultado da relação do artista com os pacientes no Departamento Central de Cirurgia do Hospital Militar em Kiev. As fotos são complementadas com as entrevistas dos feridos. A exposição foi mostrada no Instituto Ucraniano da América (Nova York), na Embaixada da Ucrânia no Canadá (Ottawa), na Galeria de Arte Barbara Edwards Contemporary (Calgary), na Latitude 53 (Edmonton), na Igreja de Santa Maria (Frankfurt), na Embaixada do Canadá na Polónia (Varsóvia).
Mas também existem as iniciativas mais genéricas, que incluem vários temas ao mesmo tempo, proporcionando uma comunicação mais ampla com pessoas. Uma dessas iniciativas é Dias da Cultura Ucraniana em Viena, organizada por Oleksandra Sayenko, membro da Global Ukrainians. O evento aconteceu em novembro de 2015, e teve uma gigantesca adesão da população. Durante vários dias consecutivos, no coração da Áustria foram exibidas várias exposições e peças e concertos musicais. Eventos semelhantes estão previstos também em Salzburg e Portugal.
Um exemplo interessante de um trabalho complexo de diplomacia cultural é uma longa experiência de organização pública Franco-Ucraniana Echanges Lorraine – Ukraine que a partir de 2004 organizou mais de 100 diferentes projectos culturais, informativos e educativos para promover as relações franco-ucranianas.
Os membros desta organização são na sua maioria estudantes ucranianos da Universidade Nacional de Chernivtsi de Yuriy Fedkovych que estudam em paralelo na Universidade de Lorraine, mas também um grande número de franceses que têm raízes ucranianas ou estão interessados na Ucrânia e sua história. Existem várias organizações franco-ucranianas em Lorena e dezenas em toda a França. Aliás, um dos projectos importantes dos ucranianos de Lorena é a preservação da memória dos prisioneiros ucranianos da Segunda Guerra Mundial, que estão enterrados no cemitério Ban Saint Jean, na cidade de Boulay (departamento Moselle).
Os ucranianos nos Emirados Árabes Unidos têm uma boa tradição: celebrar o Dia da Independência no iate
Não há dúvida que essas iniciativas trazem grande benefício em termos de promoção e protecção dos interesses da Ucrânia, e da formação de sua imagem positiva. No entanto, é necessária uma abordagem complexa para a diplomacia cultural, a criação de um quadro institucional estructurado que irá garantir a sinergia dos esforços, a complexidade e, consequentemente, maior eficiência da diplomacia cultural.
A celebração do 25º aniversário da independência da Ucrânia a nível global confirma o potencial da diplomacia cultural que o Estado tem de aprender a integrar a nível estratégico.
O envolvimento de recursos humanos, neste caso Diplomatas Culturais, nos projectos estratégicos é a chave para o progresso das instituições e organizações públicas num mundo digital e globalizado.
Os melhores exemplos de celebração do Dia da Independências são aqui: Dubai (artigo em ucraniano), Metz